O comentarista cruzeirou

"Corinthians nunca vai cruzeirar"

O Corinthians tem uma dívida bilionária (cerca de 2 bilhões) incluindo o estádio, impostos, salários, FGTS, ações judiciais, etc. Mesmo assim, foi ao mercado e trouxe 4 jogadores de renome ao custo de aproximadamente 4 milhões mensais. O comentarista, em seu artigo, analisou se o clube pode passar pelos mesmos problemas do Cruzeiro e concluiu: "Corinthians nunca vai cruzeirar". Será que a análise dele está correta?

Não, o comentarista está errado... mas não exatamente por sua conclusão e sim pelo raciocínio torto que usou para embasar a resposta.

Claro que é absolutamente temerário para um clube que deve tanto, assumir ainda mais compromissos extremamente elevados. No entanto, como é possível dar uma opinião ponderada sobre o assunto sem ter acesso a todos os dados financeiros (receitas e despesas) do Corinthians? A resposta é óbvia: não é possível.

Pois bem, sem ter acesso às informações financeiras, qual foi o raciocínio usado pelo comentarista para chegar à sua conclusão? O comentarista responde:

"O Corinthians não vai cruzeirar porque é maior que o Cruzeiro".

Esta frase seria apenas uma tolice, se não fosse de uma ignorância sem tamanho. Como chegar a uma conclusão "matemática" sobre este assunto se ele não sabe nenhuma das variáveis envolvidas na conta, incluindo o quanto o Corinthians é "maior" que o Cruzeiro?

Certamente Arquimedes, Newton e Euler cruzeiraram em seus túmulos!

Como se este besteirol já não fosse suficiente, o comentarista ainda afirmou: "Andrés Sanchez não se aproveitou do Corinthians"!!!

Me tira o tubo!!!


O pesadelo sem fim

"Fla x Atlético em 81. Um chororô de 40 anos."

O comentarista flamenguista resolveu dar o seu "depoimento" sobre o fatídico jogo Flamengo 0 x 0 Atlético Mineiro, pela Libertadores de 1981, onde o juiz José Roberto Wright acabou com a partida (literalmente) ao expulsar "meio time" do Atlético, eliminando o time mineiro e classificando o time carioca, que acabaria campeão da Libertadores naquele ano. Este jogo ficou conhecido como "o maior roubo do futebol mundial". Alguém tem alguma dúvida de qual "lado" o comentarista vai ficar?!?

Nem o mais otimista dos torcedores teria alguma esperança que o comentarista, conhecido por ser bairrista e defensor ferrenho do time que torce, assumiria o fato claro e evidente que o Atlético foi prejudicado naquele jogo por uma arbitragem catastrófica, mesmo assim, chamou a atenção a forma que o torcedor, digo, comentarista, "analisou" os fatos daquela partida. No fantástico mundo preto e vermelho dele, Wright (que, após esta partida, deveria ter mudado o nome para "Wrong") agiu de forma correta ao punir a "violência" do Atlético e ainda chamou o pesadelo sem fim dos torcedores mineiros de: "chororô de 40 anos".

Um absurdo... assista você mesmo a este capítulo triste da história do futebol brasileiro:


Com relação à primeira expulsão, depois de falta normal de Reinaldo em Zico, ele escreveu: "
foi derrubado CRIMINOSAMENTE por Reinaldo", em uma frase não apenas exagerada mas, esta sim, um verdadeiro crime para o futebol.

Com relação à segunda expulsão, depois que o juiz "roubou" a bola do Éder que queria bater rápido uma falta, ele escreveu: "Éder deu um chambão no juiz", mostrando que provavelmente o comentarista estava com a vista encoberta por uma bandeira do Flamengo, uma vez que foi o juiz que deu um empurrão no Éder. O próprio Wright, confrontado com as imagens da lambança, disse que expulsou o Éder por conta de "algo" que ele disse (sem, no entanto, revelar o quê).

Mas a cereja do bolo ficou para o final...

Tentando desesperadamente justificar a sua opinião, o comentarista termina dizendo que o Flamengo foi campeão de dois campeonatos brasileiros subsequentes e o Atlético Mineiro, ao contrário, não ganhou nada. Uma falácia sem tamanho. Primeiro porque o fato do Flamengo ter ganho mais campeonatos nos anos seguintes não significa que o time era melhor no momento específico daquela partida, e o mais importante: mesmo que o time do Flamengo fosse realmente melhor do que o time do Atlético, isso não dá o direito ao árbitro de prejudicar o time mais fraco e, muito menos, prova que o comentarista está certo em sua análise dos lances.

Lamentável em todos os sentidos.

Preconceito de cor

"É absolutamente compreensível a revolta de alguns, quando um jogador entra em campo com chuteiras da cor de seu maior rival"

O comentarista escreveu um artigo logo após a partida Bahia 0 x 0 Corinthians, em que o atacante Jô causou polêmica por ter jogado usando chuteiras verdes. No texto, o comentarista concorda em não ser aceitável um jogador do Corinthians usar: "chuteiras da cor de seu maior rival" e criticou a diretoria do clube por não ter tomado providências urgentes (durante a disputa da partida). Segundo ele: "a omissão estava caracterizada". O comentarista, que também é torcedor do clube, está certo?

É óbvio que não. O comentarista que sempre se posiciona na vanguarda, com relação a opiniões polêmicas, se mostrando moderno ao criticar, por exemplo, atitudes racistas ou homofóbicas, neste caso específico se mostrou retrógrado, antiquado, tomando uma posição ridícula, para dizer pouco.

Ora essa... se os jogadores do Corinthians não podem usar chuteiras verdes, os do Palmeiras não podem então usar chuteiras pretas?!? A mesma restrição tem que valer então para jogadores do Cruzeiro (por conta do Atlético), São Paulo (por conta do próprio Corinthians), do Flamengo e do Fluminense (por conta de Vasco e Botafogo). As chuteiras azuis devem ser proibidas para o Internacional, assim como chuteiras vermelhas para o Grêmio?!?

É muita "criancice" hein?

Com tantos problemas importantes para serem resolvidos no Brasil, não vejo a menor necessidade do comentarista alimentar esta tolice.


Já era!

"SP dá adeus à briga pelo Brasileiro!"

Chama o Guiness!!! Sem dúvida estamos diante de um recorde mundial. O Comentarista escreveu um artigo após a partida São Paulo 1 x 1 Chapecoense afirmando que o São Paulo, pasmem: "dá adeus à briga pelo Brasileiro!". Santa matemática Batman!!!

O comentarista já é o campeão mundial em "decretar" a sorte dos times nos campeonatos faltando "trocentas" rodadas a serem jogadas, mas desta vez, sem dúvida, ele extrapolou todas as piores expectativas que temos a seu respeito. Ele determinou que o São Paulo não tem mais chances de ser campeão do campeonato de 38 rodadas, porque após a quarta partida, a equipe tricolor está míseros 7 pontos atrás do líder, faltando CENTO E DOIS pontos a serem disputados, nas TRINTA E QUATRO partidas restantes.

Será possível que o jornalista, que sentenciou com um: "já era", o futuro do São Paulo no campeonato, seja tããããão ruim em matemática assim, a ponto de não ter noção da besteira que está falando? Tire a sua própria conclusão... eu prefiro acreditar que a "ignorância" é, na verdade, uma estratégia bem pensada para "causar polêmica" e conseguir "clicks". Obviamente o comentarista não precisaria apelar para este artifício, uma vez que já é o comentarista esportivo com maior alcance nas redes sociais no Brasil. A conclusão é que, por um motivo ou por outro, o texto é inaceitável.


Pergunta lá no estádio Rei Pelé

"Todo estádio brasileiro deveria chamar Rei Pelé"

Aparentemente o comentarista está empenhado em subir no ranking do blog do Comentarista ao Quadrado, só pode ser esta a explicação para o artigo que ele escreveu. No texto, ele diz concordar com a mudança do nome do estádio Maracanã de "Mário Filho" para "Rei Pelé", e mando a seguinte pérola: "todo estádio brasileiro deveria chamar Rei Pelé". Eu poderia dizer que é uma ideia estapafúrdia... mas vou mais direto ao ponto: que coisa ridícula!

Antes de comentar sobre todos os estádios chamarem "Rei Pelé", vamos à questão da mudança no nome do Maracanã...

O Maracanã não tem o nome que tem por obra do acaso... Mário Filho é considerado o maior jornalista esportivo brasileiro de todos os tempos, ele foi o responsável pela fundação do primeiro jornal do Brasil inteiramente dedicado ao esporte, foi ele quem criou os Jogos da Primavera, os Jogos Infantis, os desfiles competitivos de Carnaval e o Torneio Rio-São Paulo, que acabaria se tornando o atual Campeonato Brasileiro. Como se tudo isso já não fosse suficiente, o Maracanã recebeu o seu nome em reconhecimento por todo o seu apoio e luta pela construção do mesmo. Tudo isso aconteceu, muito antes que Pelé tivesse feito o seu primeiro gol como profissional.

Quando os políticos resolvem mudar o nome de algo, uma parte da história esta fadada ao esquecimento, ou seja, existe uma responsabilidade muito grande por trás deste ato. O Pelé merece esta homenagem? É claro que o melhor jogador de futebol do mundo de todos os tempos merece, não há dúvida, mas será que Mário Filho merece esta "desomenagem"? É também óbvio que não!

E quanto à fantástica ideia de chamarmos todos os estádios de "Rei Pelé"?

Melhor que esta ideia é o silêncio...